Estamos, mais uma vez, na passagem de um ano a outro. 2017 foi um ano bastante intenso para muitas pessoas. Desde 2016, muitas sombras vieram à tona, tanto pessoais quanto mundiais. Hoje tudo está às claras, todos os problemas do mundo e os nossos mesmos. 2017 intensificou esse processo para muita gente, mas também nos deu a chance de fazermos nossas escolhas de forma mais consciente. Não é mais o momento de fugir daquilo que evitávamos olhar, nem em nós mesmos, nem no outro ou em nossas relações.
Por um lado, isso pode ser bastante doloroso. Entrar em contato com aquilo que não queremos ver em nós mesmos(as) pode ser bem desafiador e difícil. Mas, quanto menos resistirmos a esse encontro conosco, quanto menos nos julgarmos, mais fácil será. E é importante. É importante que acolhamos, integremos e reconheçamos todas as nossas partes, sem julgamento. É importante, agora, podermos nos amar exatamente como somos. Isso não significa que não vamos tentar melhorar. Vamos, sempre. Mas significa que reconhecemos que temos nossas dificuldades, carências e falhas e que está tudo bem.
Quando rejeitamos partes nossas, criamos mais resistência. Tudo que é rejeitado, resiste e causa dor. Quando olhamos para nossas dificuldades como se estivéssemos olhando para alguém que amamos ou para uma criança que aprende a andar, fica mais fácil sermos compassivos e pacientes conosco. É importante sermos amorosos conosco, observarmos nossas dificuldades e tentarmos, cada vez mais, fazer diferente daqui para frente, tendo escolhas e atitudes mais em harmonia com o que achamos realmente bom. Sem julgamentos, apenas mudando o que sentimos que precisa ser modificado.
Em relação ao outro, ao trabalho e ao mundo, está cada vez mais difícil sustentar ilusões. Com todas as sombras à mostra, fica mais difícil enganarmos a nós mesmos. Isso pode ser doloroso, porque, muitas vezes, gostamos de estar iludidos. É confortável enxergar apenas o que gostaríamos que fosse verdade ou fingir que não vemos algo para podermos culpar o outro ou nos isentarmos de responsabilidade. Isso não cabe mais aqui. Neste momento em que tudo está às claras, as escolhas estão cada vez mais conscientes. Se, por um lado, isso nos traz maior responsabilidade, por outro, também nos liberta. Quando conseguimos nos libertar das ilusões e saber com mais clareza por que estamos repetindo um padrão ou fazendo determinada escolhas, também passamos a ter a possibilidade de mudar. Encarar a realidade pode ser difícil, mas é a única forma de resgatarmos nossa força sobre a nossa própria vida e decidimos o que queremos viver e semear.
E 2018, como será? Bem, 2018 vem com a energia do florescimento. Tudo aquilo que foi plantado em 2017, tudo que escolhemos e decidimos tende a florescer agora. Por isso, é cada vez mais importante que nossas escolhas sejam cada vez mais claras, assertivas e em conexão com nossos corações. Estamos em um momento potente e acelerado. O que quer que plantemos vai florescer, então é importante decidir o que você realmente quer plantar.
Uma sugestão para esta virada de ano? Olhe para trás com honestidade. Olhe para tudo que viveu em 2017 sem culpar o outro, o governo, a vida. Apenas olhe. Tente ver sua parte nas escolhas que fez, sua conivência com as escolhas que preferiu se esquivar de fazer (o que não deixa de ser uma escolha). Em que lugar você deixou a responsabilidade nas mãos do outro? Olhe para todos os momentos alegres e difíceis que viveu, para todas as pessoas que partilharam seu caminho de alguma forma e sinta gratidão. Mesmo os momentos mais difíceis e os encontros mais dolorosos nos possibilitam enxergar algo sobre nós.
Olhe para tudo aquilo com que você não concordou em 2017, que fez seu corpo ou sua expressão se contrair, contrariada. Tente concordar. Tente sentir, que, por mais que sua mente não aceite, seu coração bate junto com a vida e sente, lá no fundo, que tudo tem uma razão de acontecer. Ou, pelo menos, tudo pode ser usado para aprendermos a viver mais, melhor e fazer outras escolhas. Tente agradecer a tudo que você viveu este ano e, então, despeça-se dele, com a certeza de que tudo que você não quer mais viver ficará no passado e que tudo que você quer viver pode ser plantado e florescerá em 2018.
Não se preocupe com metas e pedidos. Está em suas mãos viver da forma como deseja. Em lugar de pedidos e metas, fortaleça sua intenção. O que você quer viver em 2018? Onde quer focar sua energia? Qual o tema que seu ano terá? Você pode escrever, fazer desenhos ou colagens, criar uma música, amarrar uma fitinha no pulso. Você pode fazer qualquer coisa que te ajude a lembrar, ao longo do ano, qual foi o compromisso que você fez com você para 2018. Qual é a sua intenção. Não há mágica nenhuma nisso. É apenas um lembrete para que, no correr da rotina, você se recorde do que se propôs e possa focar sua energia nisso, sem deixar que nada lhe atrapalhe. 2018 será o que você quiser que seja, desde que você realmente coloque sua melhor intenção e aja de acordo com ela.
Em 2018, comprometa-se com você. Seja quem seu coração realmente deseja. Se quiser, no fim do ano, vem aqui e me conta se funcionou. Você provavelmente ficará surpreso(a). ;)
Fica meu desejo para o seu ano novo: que aconteça exatamente aquilo que você intenciona com sinceridade e coração.
Feliz jornada!
Com amor,
Flávia
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