Um pouco da minha história
Sou apaixonada por arte, bichos, viagens, pessoas e histórias. Sou psicoterapeuta, professora, terapeuta integrativa trauma-informed, escritora, contadora de histórias e criadora do Método Flávia Esper de Terapias Integradas. Busquei o autoconhecimento e as terapias desde cedo para lidar com os efeitos de abusos, traumas, abandono, dor crônica e doenças invisíveis.
Convivo com dor crônica, fadiga, depressão e doenças autoimunes desde a infância, em mim e em pessoas próximas. Tive sintomas que ninguém conseguia explicar, frequentemente invalidados até por profissionais da saúde, a ponto de eu chegar a duvidar de mim mesma. Sei, na pele, o que é passar por traumas médicos, ser desacreditada, se sentir isolada, diferente, com defeito. Conheço bem o impacto emocional, físico, social e financeiro de viver com uma condição crônica invisível.

Cresci em uma seita religiosa, em uma família que valorizava muito o intelecto e a espiritualidade, mas pouco o corpo. Acabei por me tornar a melhor aluna da escola, mas por ter de sufocar o corpo e os desejos de fazer ginástica olímpica e dança. As minhas piores notas na escola eram sempre em Educação Física. Isso, somado aos sintomas invisíveis e abusos, me afastou do meu corpo, que passou a ser um espaço interdito, de dor, e não de segurança, potência, relaxamento e alegria.
A busca por tratamento para dores invisíveis
Sempre estudei o corpo, o emocional, o psíquico e o espiritual, mas de forma intelectual, desconectada da sensação. Enquanto a dor pedia um cuidado mais integrado e o corpo pedia escuta e exames mais aprofundados, eu fazia o que eu conhecia: tratava a mente, o emocional, o espiritual, e via sempre meus sintomas físicos serem interpretados pelos profissionais como resistência, exagero, somatizações ou “coisa da minha cabeça”. O cuidado físico se limitava a alimentação, suplementos, e acupuntura e fisioterapia nas crises. Eu me sentia culpada por não melhorar, e frustrada por não haver um diagnóstico e tratamento adequados.
Hoje vejo que perdi tempo precioso de tratamentos, reconhecimento, suporte emocional adequado e estratégias que poderiam ter evitado lesões, perdas, sofrimento e me dado mais qualidade de vida. Isso me motiva a falar sobre esse tema, para que menos pessoas sofram por falta de informação e atendimento adequado. É certo que nossas crenças e emoções afetam o físico, mas o físico também afeta o emocional. Nem tudo é psicológico e nem tudo é físico. Ou, talvez, seja sempre uma mistura dos dois. E precisamos olhar e cuidar do todo.
Percebi na minha própria história que somos seres físicos e psicológicos integrados, e os tratamentos e terapias precisam acolher e incluir as emoções, as crenças, a cultura, as relações e também o corpo. Precisamos tratar todas as nossas partes em conjunto, e não apenas ficar buscando qual a causa e tratar apenas uma parte, como se isso resolvesse magicamente o resto. Se uma infiltração causou um buraco no teto, não basta nem tratar só a infiltração nem só o teto, mas ambos, mesmo que um tenha sido consequência do outro.
Como minha experiência com a dor mudou meu trabalho
Na dor crônica e nas doenças autoimunes, essa integração entre físico, emocional e psíquico é ainda mais importante. Tratar só o emocional, sem o corpo, limita os resultados. Tratar só o corpo, também. Percebi isso no meu próprio corpo e, depois, na minha prática clínica. Além disso, essas condições mexem com todos os campos da vida: amoroso, profissional, financeiro, social... Depois de estudar epigenética, trauma, doenças autoimunes, psicossomática, a fisiologia da dor, relação de deficiências no colágeno e neurodivergências, percebi como é fundamental olhar sempre para o conjunto: genética, criação, crenças, emoções, padrões de relacionamento, estilo de vida, trauma, sistema imunológico, condição social, saúde mental, alimentação e exercício. Vários fatores e áreas da vida estão envolvidos nas doenças invisíveis e o cuidado também precisa ser feito com uma visão realmente integrativa.
Isso mudou meu olhar como terapeuta: entendi que a escuta do corpo, regulação do sistema nervoso e estratégias práticas para lidar com as limitações diárias, manejo do estresse e gestão de energia são tão essenciais quanto o apoio emocional. Não adianta focar apenas em descobrir ou tratar a suposta causa, é preciso tratar o todo. Quando se trata de dor crônica, entender como a dor funciona, por exemplo, pode ser extremamente importante para reduzir a ansiedade e as crises. Isso transformou minha prática clínica como psicoterapeuta.
Meu caminho profissional
O magistério
Comecei como professora em 1997, formei-me com louvor em Letras pela UFRJ em 2000, fiz especialização em Docência e trabalhei com crianças, adolescentes e adultos. Além da sala de aula, fui revisora e orientadora de textos. Percebia que muitas dificuldades de escrita vinham de questões emocionais, e não problemas gramaticais, e comecei a buscar recursos para entender e ajudar nessas questões.

Fiz cursos e oficinas nas áreas de arte-educação, arteterapia, canto e contação de histórias. Ainda na faculdade, incentivada por uma amiga e movida pela curiosidade de entender mais as personalidades, iniciei meus estudos em astrologia em 1997 e, em 1999, passei a estudar, também, o tarô como ferramenta de autoconhecimento.
Durante esse tempo, também passei por crises de dor incapacitantes aos 21 anos, burnout aos 24 e depressão. Eu amava o magistério, mas tinha expectativas irreais, nenhum suporte emocional, não sabia descansar, tentava ser perfeita em tudo, era excessivamente séria e com um nível de autocobrança desleal comigo. Ainda não tinha consciência dos diagnósticos nem de como cuidar de um corpo com necessidades específicas e sintomas invisíveis. Hoje vejo que muito do esgotamento era por conta das dores, fadiga e outras condições que estavam sem tratamento adequado.
Ao mesmo tempo, mergulhava cada vez mais no autoconhecimento e nas terapias integrativas. Em 2005, deixei a sala de aula. Mais tarde, voltaria a trabalhar com educação, mas em outro modelo, como arte-educadora, estagiária em psicopedagogia e terapeuta, oferecendo apoio terapêutico e grupos de escuta para professores.
Da educação para as terapias
Quando deixei de dar aulas, decidi viajar sozinha por três meses, o que foi uma experiência transformadora, especialmente para alguém que foi criada totalmente presa e que tinha limitações físicas. Foi uma das melhores experiências da minha vida. Conheci outra Flávia, culturas, histórias e fortaleci meu trabalho com o Tarô Terapêutico e a astrologia. Após uma crise de coluna que tive durante e após a viagem, conheci o terapeuta Alex Fausti, e iniciei meu percurso no Xamanismo e na Leitura Corporal.
Fiz cursos e workshops de neuropsicologia, xamanismo, constelações familiares, psicologia junguiana, arteterapia, pedagogia Waldorf, abordagem centrada na pessoa, psicoterapia, linguagem orgânica, abuso sexual em crianças e adolescentes. Formei-me em Reiki, Florais, ThetaHealing, Alinhamento Energético, Leitura Corporal. Formei-me, também, em 2010, como professora de Alinhamento Energético.

Em 2009, entrei na faculdade de Psicologia, pois queria me aprofundar e melhorar minha prática como terapeuta, estagiei em psicologia clínica e psicopedagogia, ganhei prêmios acadêmicos, um curso na Espanha, mas tranquei o curso no último ano. Voltei a dedicar-me integralmente às terapias integrativas com mais segurança e embasamento, e com uma visão mais consistente do papel do terapeuta. A partir das minhas diferentes formações e da minha experiência, acabei por criar minha própria abordagem de trabalho, o Método Flávia Esper.
Desde a COVID, que me trouxe novos sintomas e limitações, aprofundei os estudos sobre dor crônica, trauma, doenças invisíveis. Fiz formações em tipos e manejo da dor, dor crônica, psicoterapia somática, participei de congressos sobre trauma, saúde mental, síndromes raras, e estudei técnicas de regulação para o sistema nervoso, conexão entre mente e corpo, e educação para a dor.
Por que me tornei terapeuta
Meu percurso como terapeuta começou como cliente. Aos poucos, conforme eu me apaixonava pelos resultados de cada terapia, decidi estudar e me formar em várias delas. Todas as técnicas com que trabalho hoje foram primeiro experimentadas por mim como cliente. Ao perceber como as terapias me ajudavam, senti o desejo de estudar mais para poder ajudar também outras pessoas.
Percebi, na prática, como a psicoterapia especializada é fundamental para quem vive com condições crônicas. Psicoterapia e tratamentos com profissionais que realmente entendiam das questões específicas das minhas condições e, ainda mais quando esses profissionais também tinham questões de saúde parecidas com as minhas, foi um divisor de águas na minha vida. Os grupos terapêuticos com outras pessoas que vivem realidades semelhantes também fizeram uma diferença imensa na minha vida e na de pessoas que acompanho.
Isso me fez querer levar essas possibilidades a mais pessoas como eu e ajudá-las em seus próprios processos, para que se sintam validadas, acolhidas, e tenham as informações e os recursos que eu não tive durante a maior parte da minha vida, para terem uma vida cada vez melhor, mesmo com seus diagnósticos.
Gosto de ajudar as pessoas a enxergarem quem realmente são, conhecerem e fazerem as pazes com sua verdadeira história e com seus corpos, e a buscarem formas de expressar sua autenticidade de forma segura, mesmo quando há limitações. Através dos atendimentos individuais e em grupo, de cursos e mentorias para terapeutas, acompanho, há mais duas décadas, a transformação de clientes e alunas em pessoas mais livres, conscientes e capazes de viver com mais autonomia, integridade e pertencimento.
Hoje
Aprendi a entender melhor o que tenho e a lidar melhor com as limitações sem deixar que me impeçam mais de ser quem eu sou e sem precisar fingir que estou bem quando não estou. Aprendi a usar estratégias e recursos para reduzir sintomas e crises, a redescobrir minha identidade, a voltar a fazer as coisas de que gosto, dentro de um outro ritmo mais gentil e escutando as necessidades do meu corpo, dando a ele aquilo de que ele precisa para que possamos chegar aonde quero em parceria, e não como inimigos. Há fases melhores e piores, mas nada se compara ao desespero de antes.
Atualmente, como terapeuta, meu foco está na psicoterapia trauma-informed, especialmente para pessoas com dor crônica e doenças invisíveis (fibromialgia, fadiga crônica, esclerose múltipla, lúpus, síndrome de Ehlers-Danlos, COVID longa, depressão recorrente e outras condições autoimunes ou crônicas). Quero que seus sintomas sejam reconhecidos e os diagnósticos sejam feitos mais rápido, para reduzir o sofrimento, a invisibilidade e a falta de tratamento adequado. Desejo ajudar mais pessoas como eu, para que tenham o conhecimento, o acolhimento e as ferramentas que levei décadas para conhecer em bem menos tempo.
Ofereço um espaço especializado, seguro e acolhedor de escuta, por alguém que, além do conhecimento profissional, tem também a experiência real do que é viver com dor crônica e doenças invisíveis. Ensino ferramentas e recursos para ter melhor gestão da energia, reduzir sintomas e evitar crises. Além dos atendimentos individuais, também facilito grupos terapêuticos.
Em paralelo, sigo com os atendimentos de psicoterapia para pessoas sem doenças invisíveis, com as mentorias e cursos para terapeutas, e com os atendimentos integrativos de Tarô Terapêutico e Cura Xamânica.





