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  • Foto do escritorFlávia Esper

Você sabe o que quer?


Ao longo da vida, passamos por momentos de incerteza sobre quem somos ou sobre o que realmente desejamos. Que caminho quero tomar? Estou no trabalho que realmente me fala à alma? Meus relacionamentos estão de acordo com o que desejo viver?

As dúvidas e incertezas costumam gerar insegurança. Ameaçam o que já está estabelecido, o que é "seguro", conhecido e, de alguma forma, estável. Diante da queda das certezas e do medo de não saber a que se agarrar, muitas vezes, buscamos respostas fora, como uma placa de para onde ir ou do que fazer.

Há aqueles que perguntam aos outros, insistentemente, como agiriam em seu lugar ou o que acham melhor ser feito. Há os que buscam respostas com mestres, líderes religiosos ou pessoas que respeitem e admirem. Há, ainda, os que tentem responder às questões da alma com a mente, buscando respostas lógicas e racionais, que nunca os satisfarão.

Por mais que a ajuda externa possa ser bem vinda e possa ajudar a abrir novos horizontes ou a perceber algo que estava passando despercebido, ela não é a fonte das respostas. Quando a pergunta é sobre quem somos em essência, para onde desejamos ir, o que sonhamos realizar, é uma questão da alma, do interior, do nosso eu mais profundo. Então, o que vem de fora pode ajudar a nos mostrar lados que ainda não percebemos, aspectos que não notamos, mas não poderá nos dar a resposta. A única pessoa capaz de responder às suas perguntas é você mesmo.

E isso é bom, ao contrário do que muitos pensam. Na verdade, isso é maravilhoso. Porque você tem, dentro de você, as respostas para todas as questões que realmente importam. Isso deveria trazer tranquilidade e segurança. Você já tem as chaves para todas as portas fundamentais do caminho. Talvez só precise encontrá-las. Talvez já as tenha encontrado e só precise acreditar que podem abrir as portas. Talvez só precise querer abrir a fechadura.

Os mestres espirituais - sobretudo os orientais - sabem que só se pode ajudar alguém a olhar para as próprias chaves. Não há como entregar outras, porque cada pessoa encontrará portas com um segredo único, que só as chaves dela podem abrir. Os terapeutas também sabem disso. É por isso que ajudamos cada pessoa que nos procura, de uma forma diferente, a encontrarem a si mesmas e às suas próprias respostas. E a acreditar nelas, a confiar no fato de que elas são as respostas perfeitas para as perguntas que têm. E a expressá-las ao mundo, abrindo as portas do que se é.

Mas onde estão as respostas, as chaves, as soluções? Lao Tzu dizia: "no centro do seu ser, você tem a resposta; você sabe quem é e o que quer." Quando silenciamos a mente, quando nos voltamos para nosso centro, nosso coração e para as sensações do nosso corpo, percebemos, com clareza, para onde queremos ir.

Então por que parece tão difícil? Provavelmente, porque, desde pequenos, sentimos tanta necessidade de pertencer ao grupo, de sermos aceitos, de estarmos de acordo, que fomos tomando para nós as resposas externas como se fossem verdades nossas também. Talvez tenhamos medo de expressar quem realmente somos e o que queremos, e sermos rejeitados, ridicularizados. Ou achemos que ninguém apoiará nossa decisão.

Posso contar um segredo? Quando a decisão está plena e alinhada com o coração, quando é realmente expressa com honestidade, ela será acolhida por todos. E, se não for, isso não vai importar. (Mas isso é assunto para um outro texto, que virá em breve.)

Uma maneira fácil de entrar em contato com sua verdadeira natureza, com seus sonhos e seus desejos é se voltar para a infância, para a criança que você era. Quando somos crianças, estamos mais perto de nossa essência, porque ainda estamos aprendendo as regras externas. Ainda estamos formando as crenças de como devemos ser para pertencer, para sermos amados. Quando pequenos, estamos mais conectados com as sensações corpóreas, com os sonhos, com o acreditar.

Pense: o que você queria quando criança? Como imaginava a vida? Do que gostava de brincar, o que te dava prazer? Do que não gostava? O que não fazia sentido para você, mesmo que fosse "o certo", o que os adultos diziam, o que a escola ou a religião ensinavam?

A sua criança tem muitas respostas para te dar. Se conseguir olhar para ela com olhos de amor, tentando esquecer todos os julgamentos mentais e externos que você foi ensinado a ter durante todo esse tempo, conseguirá acolhê-la. A sua criança estaria orgulhosa do adulto que você é hoje?

Talvez seja uma pergunta dolorosa, caso você tenha se distanciado muito de sua essência e desejo. Talvez venha uma sensação de tempo perdido, de culpa, até de desespero. Acolha isso. São apenas sensações. É o sentimento de alguém que estava perdido, andou anos e anos, mas, finalmente, recebeu um mapa com o endereço de casa. E pode voltar. Sempre é tempo de se ser o que se é.

Claro que terá de caminhar até a casa e que isso demanda ecolhas, disposição e entrega. Mas, quando se sabe onde se quer chegar, o caminho fica bem mais fácil. Nós só crescemos de verdade quando florescemos, quando encontramos o desejo, o propósito de vida, a felicidade no que fazemos.

Crescemos quando oferecemos nossa grandeza única ao mundo, quando expressamos a nossa verdade, segura e concretamente. Antes disso, somos apenas sementes, jogadas de um lado para o outro, esperando o momento de germinar, que pode levar 20, 30, 40, 60 ou 80 anos. Não importa o tempo. Importa, um dia, florescer.

Quem você quer ser quando crescer?

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